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Técnicos visitam comunidade quilombola contaminada por agrotóxicos


Uma denúncia de contaminação por agrotóxicos feita por moradores da comunidade quilombola Invernada Paiol de Telha será avaliada por técnicos nesta terça-feira (5). Agrônomos da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e representantes do Ministério Público visitarão a comunidade localizada no município de Reserva do Iguaçu, no Centro-Sul do Paraná.

A denúncia – apresentada pela Terra de Direitos no último dia 21 – aponta indícios de que os moradores da localidade estão sendo contaminados pelo descarte incorreto de embalagens de agrotóxicos nas áreas que estão na região da comunidade. As terras já foram reconhecidas como da comunidade quilombola e devem ser desapropriadas em breve para que sejam tituladas.

Durante uma visita de integrantes da equipe da Terra de Direito ao local, frascos de agrotóxicos foram encontrados dentro de rios e nascentes – alguns deles fabricados com o princípio 2,4D, utilizado na mistura do agente laranja, uma arma de guerra.

Os quilombolas contam que não podem mais usar essa água para beber ou para irrigar as plantações e relatam que muitas pessoas da comunidade têm apresentado problemas de saúde, como enjoos e alergias respiratórias e de pele.

Embalagem de agrotóxico descartada de forma incorreta na área próxima à nascente de água usada pela comunidade quilombolaPara a advogada popular da Terra de Direitos Naiara Bittencourt, situação é preocupante e deve ser investigada para que seja dado fim à contaminação. "A denúncia é um primeiro passo para que a contaminação por agrotóxicos nas nascentes da comunidade seja investigada e cessada, mas é somente a titulação do território quilombola garantirá o livre acesso à biodiversidade pelo quilombo Paiol de Telha”.

Além da Adapar e do Centro de Apoio Operacional das Promotorias do Ministério Público, órgãos municipais e estaduais relacionados ao meio ambiente, saúde, alimentação e agricultura - como o Instituto ambiental do Paraná (IAP) e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA) – receberam a denúncia.

Titulação

A Comunidade Invernada Paiol de Telha luta pela titulação de suas terras há mais de 10 anos.  A área foi reconhecida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em 2014. Um ano depois, a presidenta Dilma Rousseff assinou o decreto de desapropriação do local para a titulação do território. Até o momento, a maior parte não foi desapropriada e está em posse da Cooperativa Agrária.

A comunidade conquistou o acesso ao território em 1860, quando 11 trabalhadores escravizados foram libertados pela então proprietária das terras, Balbina Francisca de Siqueira, e receberam o território como herança.

Em 1970, cerca de 300 famílias foram expulsas de forma violenta em conflitos territoriais que perduram até hoje com os atuais detentores dos territórios que pertencem à comunidade.

Atualmente, os habitantes dessa comunidade tradicional estão divididos em quatro núcleos – Pinhão, Guarapuava, Assentamento e Fundão (localizado às margens da área original) –, e muitos vivem em situação precária.



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Ações: Biodiversidade e Soberania Alimentar, Conflitos Fundiários
Casos Emblemáticos: Comunidade quilombola Paiol de Telha
Eixos: Biodiversidade e soberania alimentar, Terra, território e justiça espacial