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16ª Jornada da Agroecologia coloca em pauta sementes crioulas e o uso de agrotóxicos


Nesta quarta (20), começa a 16ª Jornada de Agroecologia, evento que reúne cerca de 4 mil pessoas com o intuito de debater e promover a agricultura sustentável. Nos próximos três dias o município paranaense da Lapa recebe palestras, oficinas, seminários, conferências e plenárias.

Na programação desta edição estão dois seminários que a Terra de Direitos, em conjunto com outros coletivos, está organizando. Sementes da Agroecologia e Contra os agrotóxicos e pela vida no campo e na cidade acontecem nesta sexta-feira (22), a partir da 13h.

Sementes da Agroecologia

No ano de 2009 houve a liberação para plantio de uma espécie de milho transgênico no Brasil, sendo extremamente controverso, pois os agricultores decidiram não separar os dois cultivos, além da contaminação de variedades não transgênicas. Segundo levantamento realizado pela AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, quase 130 variedades de milho crioulo podiam ser encontradas há 10 anos na região Norte do Paraná. Atualmente, é difícil encontrar mais de 50 variedades

O seminário Sementes da Agroecologia, organizado pela Rede Sementes da Agroecologia (ReSA), pretende apresentar as experiências de cultivo, melhoramento, comercialização e troca de sementes para a produção agroecológica, a partir do resgate dos conhecimentos tradicionais e associados de agricultores e agricultoras da região.

Também serão expostas experiências de guardiões e guardiãs da agrobiodiversidade - pessoas que ajudam a proteger e preservar as espécies da biodiversidade através da proteção e multiplicação de sementes crioulas - especialmente a partir da Casa da Semente em Mandiritiba e de indicações de como organizar festas e feiras de sementes, melhoramentos, multiplicação e trocas.

Semente crioula é uma variedade desenvolvida, adaptada ou produzida por agricultores familiares, assentados da reforma agrária, quilombolas ou indígenas, com características bem determinadas e reconhecidas pelas respectivas comunidades. Estas sementes, resultado de um longo processo histórico de cuidado e repasse, são preservadas nos bancos de sementes que existem no país. Um banco de sementes também serve como uma garantia para os produtores rurais, pois mesmo as melhores sementes podem sofrer com problemas climáticos, como por exemplo, a falta ou o excesso de chuva. Caso uma safra seja prejudicada, os agricultores podem contar com as sementes estocadas para recuperar a produção.

O seminário Sementes da Agroecologia também é organizado por: Fundação Vida para Todos ABAI, Assesoar, AOPA, AS-PTA, Rede Ecovida de Agroecologia, CPT, CAPA, MST, Instituto Contestado de Agroecologia, Coletivo Triunfo, Centro Ecológico Terra Viva, Coletivo de Jovens de São João do Triunfo e Grupo Terra Jovem.

Contra os Agrotóxicos

No Brasil, ainda se usa agrotóxicos que foram proibidos em 1985 na União Européia (UE), Estados Unidos e Canadá. O país também lidera o índice de maior consumidor de agrotóxico, desde 2009, com uma média de um milhão de toneladas por ano, o que equivale a 5,2 kg de veneno por habitante. É neste contexto que surge a importância de se debater o uso e controle dessas substâncias.

Coordenado pela Campanha Permanente contra os agrotóxicos e pela Vida e pelo Fórum de Combate ao Uso de Agrotóxicos e Controle do Tabaco, o seminário Contra os agrotóxicos e pela vida no campo e na cidade visa potencializar a articulação da luta contra os agrotóxicos no Paraná. Será apresentado um mapa da pulverização aérea e de contaminação por agrotóxicos no estado, a partir dos dados colhidos na 15ª e 16ª Jornada, bem como de pesquisas e dados sobre a temática em relação aos impactos à saúde e ao meio ambiente.

Também se problematizará o contexto de retrocessos de flexibilização de aprovação de químicos agrícolas pós impeachment de 2016 e da não implementação do PRONARA.

Num segundo momento serão apresentadas as propostas de combate a partir das iniciativas da sociedade civil, de movimentos sociais, pesquisadores a agentes engajados. Serão trazidas as propostas do PNARA por Projeto de Lei de Iniciativa Popular; do PROERA (Programa Estadual de redução do uso de Agrotóxicos), das iniciativas contra a pulverização aérea ou da criação de Zonas de Exclusão de pulverização, de legislações municipais que restringem o uso e a contaminação por agrotóxicos; ideias de diálogo e campanhas e experiências de transições agroecológicas de agricultores/as da região.

Contra os agrotóxicos e pela vida no campo e na cidade também conta com a organização dos coletivos: Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva (NESC), Observatório do Uso de Agrotóxicos e Consequências para a saúde humana e ambiental do Paraná, Grupo Enconttra – Geografia UFPR e Cáritas Paraná.



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