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X Fórum Social Pan-Amazônico: movimentos, organizações e povos reúnem-se em Belém em defesa da Amazônia


Com o tema "Tecendo o esperança na Amazônia", o grande encontro acontece em Belém do Pará, na Universidade Federal do Pará (UFPA) 

Em cenário internacional de uma Amazônia em guerra, sob ataque permanente, nove países que integram a Pan-Amazônia – Brasil, Venezuela, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa e Suriname – realizarão, de 28 a 31 de julho de 2022, o X Fórum Social Pan-Amazônico (Fospa).

O grande encontro acontece em Belém do Pará, na Universidade Federal do Pará (UFPA), e o primeiro ato é de comunhão e comemoração com a tradicional marcha dos movimentos de mulheres, quilombolas, ribeirinhos e povos originários, entre outros, que na tarde do dia 28 vão percorrer o centro histórico da cidade, já identificada como “trincheira do povo e capital da rebeldia”.

VINTE ANOS DE HISTÓRIA

O Fórum Social Pan-Amazônico (Fospa) surgiu, em 2001, no âmbito do Fórum Social Mundial, para lutar pela vida, a Amazônia e seus povos. O encontro bienal é um espaço de articulação para a incidência e a resistência política e cultural frente a um modelo de desenvolvimento neoliberal, neocolonial, extrativista, discriminador, racista e patriarcal. Após vinte anos, consolidado como um processo em permanente movimento, o Fospa se estrutura hoje com inúmeras redes atuantes nas causas do meio ambiente e dos direitos humanos, e tudo que implique o direito de ter direitos. Tem a responsabilidade de preservar e criar ferramentas capazes de, em escala global, fazer avançar o respeito aos povos amazônicos e à natureza.

Neste percurso, precedendo o X Fórum, crescem os pré-fóruns realizados nos países da Pan-Amazônia, realizados com amplas mobilizações envolvendo iniciativas de ação, encontros sem-fronteira. Caravanas fluviais e terrestres que já se movimentam rumo à Belém.

Lançamento do X FOSPA ocorreu com um ato em defesa dos povos no dia 30 de junho em Belém (PA) (Foto: Michele Jaques / Fospa Oficial)

CASAS DE SABERES E SENTIRES

Na programação, as Casas de Saberes e Sentires, espinha dorsal do Fospa, são espaços temáticos inspirados nas Casas Centrais construídas dentro das comunidades indígenas, onde são realizados, entre outras atividades, os encontros dos anciãos da aldeia, festas, cerimônias e rituais sagrados. Para os indígenas, as casas representam o Universo: o solo é a Terra e os pilares, as montanhas, que sustentam o Céu.

Em um total de cinco, as Casas de Saberes e Sentires reúnem movimentos, articulações e povos de toda a Pan-Amazônia. São elas: Casa do Bem Comum, Casa dos Povos e Direitos, Casa de Territórios e Autonomia, Casa da Mãe Terra e Casa de Resistência das Mulheres. Em paralelo, além dos debates/rodas de conversa, estão inscritas e programadas nas Casas as “atividades autogestionadas”, promovidas por entidades e movimentos.

Esse amplo arco político, étnico e cultural é a base para a construção das reflexões e conclusões que estarão na “Carta de Belém”, documento final a ser consolidado na plenária do dia 31 de julho e que servirá de base para novos saltos de qualidade no enfrentamento da violência.

CASA DOS GRANDES EVENTOS

O Auditório Benedito Nunes, o maior da UFPA, receberá os participantes de todas as Casas para os Grandes Eventos, em sua maioria de mobilização global.

Em 28 de julho, às 15h, acontece a Cerimônia de Abertura do X Fospa e, em seguida, a Marcha no centro histórico de Belém. Em 29 de julho, às 9h, o Tribunal dos Direitos da Natureza tem início; e, às 14h, o Ato em Homenagem aos Mártires da Amazônia celebra a memória de todos e todas que deram suas vidas em defesa da Amazônia e seus povos, com representantes de diversas religiões, testemunhos, vídeos, canções, e uma caminhada até a orla, que se encerra com o grupo feminino Suraras em uma roda de carimbó. No dia 30, às 9h, Encontro dos Povos Indígenas Pan-Amazônicos e, às 14h, o Tribunal de Justiça e Defesa dos Direitos das Mulheres Pan Amazônicas e Andinas, com depoimentos de movimentos e mulheres do Brasil, Equador, Colômbia e Peru. Como juízas deste tribunal, atuarão Graça Costa (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional-FASE/Articulação de Mulheres Brasileiras-AMB); Givânia Silva (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos-Conaq); Concita Sompré (Federação Estadual dos Povos Indígenas do Pará-Fepipa/Articulação Nacional das Mulheres Guerreiras da Ancestralidade-Anmiga); Soledad Munõz (Plataforma Dhesca – Argentina); Eliane Brum (jornalista e escritora) e Luz Mary (Indígena-Colômbia).

Finalmente, em 31 de julho, acontecerá o Ato contra o Fascismo, o Autoritarismo, o Fundamentalismo e o Ecocídio conjuntamente com a Cerimônia de Encerramento do X Fospa.

TERRA DE DIREITOS NO X FÓRUM SOCIAL PAN-AMAZÔNICO

Na luta pela defesa e garantia dos direitos humanos na Amazônia, a Terra de Direitos se integra aos debates junto aos povos e movimentos da região propondo duas atividades autogestionadas que compõem a programação do FOSPA.

A primeira atividade ocorrerá no dia 29 de julho às 10h na Universidade Federal do Pará, sede do Fórum, e visa discutir as violações de direitos humanos ocasionadas pela mercantilização da Amazônia representada pela intensa presença de grandes empresas nos territórios da Amazônia paraense. A atividade visa contribuir para o fomento do conhecimento, reflexão e fortalecimento de lideranças e movimentos diante das violações aos territórios indígenas, quilombolas e de comunidades tradicionais.

Alguns dos casos a serem apresentados são: os impactos socioambientais e climáticos da Cargill em Santarém e Abaetetuba; empreendimentos portuários no Lago do Maicá, em Santarém; e os crimes ambientais provocados pelas mineradoras em Barcarena, entre outros.

No dia 30 de julho às 15h, a discussão será sobre o modelo de governança ambiental e climática que tem sido aplicada na Amazônia, trazendo como foco o Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL) em sua nova configuração militarizada e sem participação social, relacionando as ações do conselho com as problemáticas como o desmonte do Plano de ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) e o avanço do desmatamento nos territórios. Além disso, a atividade pretende encaminhar discussões propositivas sobre novas formas de gestão e governança ambiental e climática para Amazônia que tenha como centralidade um projeto popular de proteção, conservação e segurança dos territórios e modo de vida de povos e comunidades tradicionais. 

Toda a programação do X Fospa e informações de salas e horários das Casas de Saberes e Sentires, das Atividades Autogestionadas, Tendas, Casas dos Grandes Eventos e localização dos espaços no território da UFPA está disponível no site oficial do fórum

 

 



Ações: Defensores e Defensoras de Direitos Humanos, Conflitos Fundiários, Empresas e Violações dos Direitos Humanos

Eixos: Política e cultura dos direitos humanos