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Contribua com o Paiol de Telha


A Comunidade quilombola Paiol de Telha está firme na luta pela conquista da titulação de seu território. Para fortalecer a resistência, está precisando de materiais básicos para o acampamento Barranco, um dos quatro núcleos da comunidade. Lonas, alimentos e materiais básicos de higiene podem ser doados e entregues nos campi da Universidade Federal do Paraná. 

As 50 famílias do Barranco, um dos acampamentos da Comunidade Quilombola Paiol de Telha, no município de Reserva do Iguaçu, estão precisando de ajuda. Enquanto o decreto de declaração de interesse social da área – que viabiliza a desapropriação do território por parte de outros ocupantes – não é aprovado, os moradores sofrem com a ameaça contra sua cultura e contra a perpetuação de sua memória.

Para resistir na luta, as famílias vivem precariamente em barracos e abrigos temporários, até que seja possível se instalar definitivamente no tão sonhado território quilombola titulado.

Impossibilitados de plantar, os moradores cultivam pequenas hortas, próximas ao acampamento, e possuem pequenas criações de animais de pequeno porte.

Por isso, a Terra de Direitos apoia a campanha promovida pelo movimento estudantil da Universidade Federal do Paraná e pelos moradores do acampamento.

Para colaborar com a luta e resistência desse povo, que sofre historicamente com a falta de reconhecimento de sua identidade e com a falta de acesso à terra, estão sendo pedidos materiais essenciais para manutenção do acampamento.

Produtos de higiene básica (como papel higiênico, absorventes, sabonetes, fraldas descartáveis), lonas, alimentos não perecíveis, roupas e calçados que protejam do frio intenso da região podem ser doados para a comunidade.

Caixas destinadas a coleta de mantimentos arrecadados para a campanha estão disponíveis nas recepções e restaurantes universitários dos diversos campi da UFPR, em Curitiba.

Importância da contribuição
Um dos organizadores da campanha, o estudante da UFPR, Felipe da Costa, se aproximou da comunidade através de um Estágio Interdisciplinar de Vivência (EIV), realizado no começo desde ano. Ele esteve durante uma semana acompanhando a realidade do acampamento.

Segundo Felipe, há um enorme desejo da comunidade de realizaram um cultivo orgânico e variado para poderem viver da própria terra, assim como seus antepassados. “Isso é impossibilitado pela necessidade do plantio monocultor do milho, para a venda e sobrevivência, e também pela pulverização aérea de agrotóxicos que invade até suas casas, feita pelas colônias alemãs que os cercam”, explica o estudante.

Impossibilitados de plantar, os moradores cultivam pequenas hortas, próximas ao acampamento, e possuem pequenas criações de animais de pequeno porte.

A estudante de Direito da Universidade Federal do Paraná e moradora da comunidade quilombola Paiol de Telha, Isabela da Cruz, explica que a comunidade enfrenta outras grandes dificuldades em seu cotidiano A forte poeira, e a falta de água encanada e de energia elétrica são alguns dos desafios diários dos habitantes do lugar – o acampamento fica isolado aproximadamente 15 quilômetros da cidade mais próxima.

Para ela, colaborar com o Paiol de Telha com a doação de mantimentos suprirá muito mais que necessidades imediatas dos moradores do acampamento – fortalecerá também a luta pela terra dessa e de outras comunidades. “Contribuir com essa campanha é ser solidário não só a questões humanitárias, mas à toda causa quilombola. Assim, os descendentes quilombolas do Paiol de Telha, saberão que não estão sozinhos nessa luta”, afirma.

Sobre o Paiol de Telha
O Paiol de Telha é a primeira comunidade quilombola do Paraná a ser reconhecida pelo Incra. O reconhecimento, dado em outubro de 2014, oficializa os limites do território, e antecede o decreto de declaração de interesse social da área. Uma vez assinado o decreto, o Incra do Paraná deverá realizar vistorias de avaliação das áreas hoje ocupadas pela Cooperativa Agrária Agroindustrial Entre Rios, grande produtora de commodities na região, para que então possam ser ajuizadas as ações de desapropriação, com a consequente devolução do território para os quilombolas.

Cerca de 300 famílias foram expulsas de forma violenta das terras em 1970, por imigrantes alemães que fundaram no local a Cooperativa Agrária Agroindustrial Entre Rios, uma grande produtora de commodities na região. Os integrantes da comunidade quilombola habitavam o espaço desde 1860, quando 11 trabalhadores escravizados foram libertados pela proprietária da terra, Balbina Francisca de Siqueira, e receberam o território como herança.

Atualmente, os habitantes dessa comunidade tradicional estão divididos em quatro núcleos – Pinhão, Guarapuava, Assentamento e Barranco (localizado às margens da área original) –, vivendo muitas vezes em situação precária. A titulação das terras deve mudar essa realidade, e unificar a comunidade. 

Participe da campanha

Período: de 21 de março à 10 de dezembro de 2015
O que doar: Lonas, alimentos não perecíveis, leite em pó, produtos de higiene (papel higiênico, sabonetes, absorventes, fraldas diversos tamanhos).
Onde doar:  Recepções do Prédio D. Pedro I (Reitoria), Santos Andrade, Deartes, e Restaurantes Universitários dos campi Botânico e Politécnico.



Ações: Quilombolas
Casos Emblemáticos: Comunidade quilombola Paiol de Telha
Eixos: Terra, território e justiça espacial