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Amigos da Terra lançam publicação sobre agrocombustíveis


Os Amigos da Terra estarão em São Paulo na próxima semana participando da organização de atividades populares paralelas à Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, organizada pelo governo federal e que vai contar com a presença de governos dos países da ONU, entre os dias 17 e 21 de novembro.Um seminário internacional paralelo, chamado "Agrocombustíveis como obstáculo à construção da soberania alimentar e energética", seguido de conferências de imprensa fora e dentro da conferência oficial, estão previstos entre as mobilizações de movimentos sociais, redes e organizações brasileiras e estrangeiras da sociedade civil.

Visando o combate à expansão do agronegócio da energia e a luta pela soberania alimentar e energética, os movimentos sociais e ambientais pretendem "construir uma resposta coletiva para incidir na Conferência Oficial, apresentando um contraponto à propaganda da suposta sustentabilidade do etanol produzido em monoculturas de grande escala".

No dia 18, no auditório da APEOESP, em São Paulo, os Amigos da Terra farão o lançamento da publicação "Novos caminhos para o mesmo lugar: a falsa solução dos agrocombustíveis". A realização é do NAT/Brasil, Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional - FASE e Terra de Direitos, com a parceria da Fundação Heinrich Boell.

Para Camila Moreno, pesquisadora associada da Terra de Direitos, a publicação vem em um momento crucial: "O debate sobre as mudanças climáticas está difícil de aterrissar no Brasil. A conjuntura nacional é complexa: temos que desmistificar a falsa solução dos agrocombustíveis e ainda lidar com a descoberta do pré-sal, fatores que tergiversam da urgência de criar alternativas reais".

Na publicação, os autores analisam a relação entre o aumento da produção e as expectativas de comércio mundial do etanol, o preço dos alimentos, a justiça climática, a demanda e os impactos da indústria automobilística e a disputa por territórios. Propõem-se a desmistificar o discurso da disponibilidade de terras ditas degradadas, das garantias do zoneamento ecológico num contexto de conflitos agrários, da certificação no âmbito do aumento dos fluxos do comércio internacional de commodities energéticas e das frustradas expectativas de inclusão social no modelo agroexportador que se expande e se reproduz, com a febre dos agrocombustíveis.

Conforme adianta uma das autoras e coordenadora dos Amigos da Terra/Brasil, Lúcia Ortiz, o texto "aponta os caminhos e desafios para a transição energética, que requer a transformação do modelo de agricultura, a revisão dos padrões de consumo, um processo de localização das economias e encurtamento das distâncias - entre quem produz e quem consome - e a construção da soberania dos povos sobre o destino dos seus territórios". Para o professor do IEE/USP, também autor da publicação, o debate sobre a expansão dos agrocombustíveis no nosso país não é uma questão de interesse apenas de especialistas.

"Pelo contrário, a oportunidade da utilização de combustíveis renováveis para o combate às mudanças do clima e a segurança alimentar são temas que afetam todos os cidadãos", disse, ele que acredita ser fundamental a população estar bem informada sobre suas vantagens e problemas. Para o pesquisador da FASE, Sergio Schlesinger, editor e também autor da publicação, "a produção de agrocombustíveis em larga escala e através de monocultivos causa uma série de problemas sociais e ambientais, tais como: aumento do preço dos alimentos, prejuízos à agriculltura familiar, contaminação de águas e solos, destruição de biomas, mudanças climáticas, deslocamento da produção de alimentos e desemprego no campo."

Eliege Fante DRT/RS 10.164
Assessora de Imprensa Amigos da Terra Brasil
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