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Solidariedade aos militantes do Fórum Social Brasileiro e Repúdio à Ação da Polícia Militar de Pernambuco


A Marcha de Abertura do II Fórum Social Brasileiro, que aconteceu na tarde de ontem (20), aglutinou pessoas de diversas partes do Brasil e de diferentes formas de organizações sociais. A Marcha, que geralmente é marcada pela descontração, alegria e irreverência dos militantes, mostrando de forma lúdica as suas aspirações por um mundo mais justo e democrático, teve um péssimo desfecho marcado pela truculência da Polícia militar de Pernambuco.

Pelo menos dez pessoas, dentre elas seis trabalhadores rurais sem terra, foram violentamente agredidos por três policiais militares na Marcha de Abertura do II Fórum Social Brasileiro. Dois trabalhadores chegaram baleados, dentre eles, Jaime Amorim, coordenador estadual do MST, atingido na mão.

Os Fóruns Sociais Mundiais surgiram no Brasil e fizeram com que o país fosse mundialmente reconhecido pela vitalidade de suas experiências democráticas, especialmente de seus movimentos populares. Um episódio como este jamais havia ocorrido nos espaços dos Fóruns anteriores, marcados por demonstrações de cidadania e respeito à diversidade. O lamentável ocorrido se inscreve em um contexto de violência policial contra a população em geral e de criminalização dos movimentos sociais.

Não se trata de uma ação isolada, e tampouco de simples despreparo. Trata-se de uma violência autorizada institucionalmente, através da impunidade das sucessivas violações de direitos humanos cometidas pela polícia, muitas das quais publicamente apoiadas pelas autoridades locais. No início deste ano, um representante do alto escalão da Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco declarou que os defensores de direitos humanos defendiam bandidos.

Histórico de Violações de Direitos Humanos da Polícia Militar de Pernambuco

A Polícia Militar de Pernambuco tem um histórico de violência que vem se agravando nos últimos anos, especialmente nos último meses. Em meados de 2005 dois PMs foram acusados de executar sumariamente dois índios Trukás. Ainda neste ano, a desocupação do Acampamento Chico Mendes, deixou crianças traumatizadas, várias pessoas feridas, dentre elas, o Presidente da Comissão de Justiça e Cidadania da Assembléia Legislativa de Pernambuco, o Dep. Estadual Roberto Leandro.

Em 2004 houve a violenta desocupação do Engenho Prado, com a destruição das casas de centenas de famílias. Em março deste ano, vários trabalhadores sem Terra foram torturados durante a reintegração de posse da Fazenda Faquinha, no município de Cabrobó. Na cidade não é diferente, temos o exemplo da truculência PM durante desocupação do Casarão da Rua Velha, ocupado pelos Sem Teto, que resultou em vários militantes feridos, dentre eles um que perdeu o olho esquerdo.

No final do ano passado, foi a vez dos estudantes que reivindicavam o passe livre e a redução das passagens serem agredidos e presos pela polícia. No início deste ano, durante o carnaval, dois jovens da periferia foram assassinados brutalmente por policiais militares. Entidades ligadas aos Direitos Humanos vêm denunciando constantemente a atuação da PM no Estado e já pediram por diversas vezes a atuação do poder local para diminuição da violência.

A polícia militar, junto ao Governo do Estado e a grande mídia continuam trabalhando para a criminalização dos movimentos sociais, em especial, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. A polícia, que deveria atuar para garantia da segurança pública e dos direitos políticos e sociais dos cidadãos, diariamente comprova seu despreparo ao fazer de militantes dos movimentos sociais alvos da sua truculência e criminalização.



Ações: Defensores e Defensoras de Direitos Humanos

Eixos: Política e cultura dos direitos humanos